domingo, janeiro 26

"provocações"




Antonio Abujamra entrevista Satyaprem
Programa Provocações, da TV Cultura, 
exibido em 14 de janeiro de 2014

segunda-feira, janeiro 13

tirando o chapéu para a paz


Participante – Imagino que um buda seja quando ele consegue ser a essência dele, a paz junto com o corpo e com a mente... Quando ele não foge, quando não tem um monte de máscaras.

Não. Não é nada disso. Você precisaria de tempo para tirar as máscaras. Que máscaras? Para inventar as máscaras ou falar delas, você precisa de tempo. No Zen, costumam dizer que todos os desejos, todas essas construções mentais, são como flores no ar.

Participante – Por que?

Dê uma olhada! Tem alguma flor no ar?

Participante – Não.

Agora, arrume essas flores que estão no ar. Você consegue? Veja quanto tempo você perde tentando arrumar algo ilusório – maya. Você está tentando arrumar algo que nem existe.

Sei que não é tão fácil de entender, mas tente acompanhar, devagarinho, até que esteja cozido o suficiente para que você possa saborear.

Não tem máscaras. Assim como não tem problemas. Veja! Tudo o que capitalizamos como problemas e, ainda, reverenciamos como "nossos", não passam de flores no ar. Olhe nesse instante: qual é o seu problema? Tem algum problema?

Participante – Nossa! É constrangedor.

A simplicidade é constrangedora, não é?

Participante – E dá muita paz.

Sim. Toda a paz do mundo. Não tem problema.

sábado, janeiro 11

uma grade não esconde o céu
















Participante – Satyaprem, isso que falam de "agir com o coração" ou "agir com a razão" é imaginação?

Sim.

Participante – Mas parece que existe uma diferença em agir com o coração ou com a razão. Não tem?

É você quem escolhe?

Participante – Em princípio, sim. Ou não?

Para os que sugerem essa divisão, agir com o coração não é nada mais que "ser bonzinho", e agir com a razão é "ser calculista". O que preciso relembrar é que essa linguagem é terapêutica. É uma linguagem relativa, serve o relativo, o temporário. Permite que as pessoas permaneçam identificadas com o que não são, com o periférico, aquilo que se pode reduzir aos mapas. Investigue: o Ser tem coração? Onde você encontra o coração ou a razão? Estamos falando da periferia ou não?

Uma vez que você desapareça no Ser, todas essas coisas são abandonadas. Aliás, Osho fala: "Você não tem coração nem mente. Essa é a linguagem dos sentidos, tudo isso deve ser abandonado". 


Houve um momento, no processo da busca espiritual, que mudaram o discurso do pensar para o sentir, muito instrumental – da "razão" para o "coração". Agora: neti neti, nem isso nem aquilo. Deixe o Ser falar. Quando Ele fala, passa por onde tiver que passar – seja pela cabeça, pelo coração ou pelos seus pés. Uma grade não é obstáculo para o céu. Veja!

quinta-feira, janeiro 9

o cavalo do silencio e a rosa

















"seja em silencio.
não busque a fama.
ao invés,
cavalgue seu cavalo
para dentro do roseiral da alma.
tenho lá uma rosa te esperando."

RUMI


Ressalto que a relatividade deve ser compreendida. Você não precisa chegar em casa e anunciar que "não tem nada, só tem silêncio". Tome cuidado! O importante é que isso esteja aceso e claro dentro de você, como uma luz brilhante.

O que pode manter essa chama acesa é não julgar a si mesmo, nem aos outros, não se orgulhar dos seus atos, nem dos atos dos outros, por exemplo. 

Não existem negócios no passado e no futuro. Manter a chama acesa significa questionar e descobrir aquilo que pertence à mente e aquilo que não pertence.

Ao perceber que o aparente é trazido pela sua mente, você retorna à fonte. Somente o ego tem negócios na superfície, por isso se nega a ver o que é Verdade. Isso ocorre para impedir que você se volte para sua natureza original. 


Porém, com clareza, veja que só há Silêncio – e nenhuma necessidade de alarme sobre isso. Dedique-se a isso. A cada segundo de sua respiração, a cada segundo da sua vida, dedique-se a Isso. Dentro. 

sexta-feira, janeiro 3

o eterno fluir da água da verdade nas infinitas cabeças da ilusão


















Dê-se conta de que o estar no mundo, tal qual se percebe, é uma farsa completa – e que  será destruído isso para emergir quem você é. Ao perceber que você não é o seu nome, nem o que você faz, nem o que você vê, nasce a pergunta fundamental: quem é você?

Este é o começo do encontro, este é o primeiro toque da Verdade na sua cabeça, na sua mente. Note que você não tem a menor ideia a respeito de si e de tudo o mais, e que, infinitamente, apenas tem repetido o que os outros disseram... Mineira. Mulher. Um espírito encarnado. Você se resume a isso?

A brincadeira, então, é confrontar a verdade com bom humor. Sem bom humor não tem chance. Uma grande dose de bom humor é fundamental, porque – quando você menos espera – terá que entregar tudo aquilo que preza como real e, por último, entregar a si mesmo. É uma entrega constante.

Segundo o nosso condicionamento, almejamos o processo mais curto possível para a realização dos nossos objetivos. De preferência, aquele que ofereça o maior grau de segurança também. Por isso, mesmo diante da Verdade, você tenta barganhar. Você vê que Consciência é tudo e sai repetindo isso por aí, como se já tivesse realizado –  “Pronto, já sei!” –, mas isso não significa nada. Você permanece na escuridão dizendo que é Consciência.


Aliás, Consciência é você, mas “você” não é Consciência.