quinta-feira, dezembro 26

o sono do boi e a canção do silencio

















Você insiste em se relacionar com o seu pequeno ser, tentando melhorá-lo, seguindo a tese psicanalítica de que quando compreender toda a inconsciência do seu pequeno ser, vai se tornar mais consciente. Essa é uma história para boi dormir.

Com a firme decisão de ver o que está sendo apontado, você troca uma coisa pela outra. Imediatamente, troca o pequeno ser pelo verdadeiro e, ainda, realiza que onde repousa a sua natureza original não existe nem isso nem aquilo.

Quando você se vê como o verdadeiro ser não existe outro. Qualquer divisão é um retorno ao seu pequeno ser, um retorno à pequena tragicomédia humana, ao pequeno drama divino. Você estabelece o seu drama desenhando isso ou aquilo, "eu" e o "outro", preto e branco, azul e amarelo, o de cima e o de baixo, o esquerdo e o direito.

Retorne para aquele lugar onde não existe nem uma coisa nem outra. Em sua natureza original não existe nem isso nem aquilo. Aquilo que você é não tem gostos nem desgostos. Por isso há compaixão. A porta da compaixão não é um exercício do pequeno ser, é a realidade do seu supremo ser, é a canção do silencio.

Reforço: não façamos do supremo ser, aquilo que é, uma possibilidade remota e futura. O supremo ser se encontra exatamente aqui, exatamente agora. Apenas não se confunda com o que é visto.

quinta-feira, dezembro 19

não morda na placa!


O verdadeiro autoconhecimento é saber quem é você, e a pergunta básica é "quem é você?". Conhecer o seu passado é apenas conhecimento do passado, não é autoconhecimento. E, ainda, de que forma isso o ajuda? Nenhuma. Isso só pode ajudá-lo a sentir-se melhor a respeito de quem você pensa que é, nada mais.

Conhecer a si mesmo não tem a ver com Psicologia, não tem a ver com interpretação ou análise. É um profundo corte com a mente! Autoconhecimento é descobrir quem você é, e a mente não pode ajudá-lo nisso.

Participante – Mas existem pensamentos que refletem a Verdade, não é?

Nenhuma reflexão é a Verdade. Como um reflexo pode ser verdade?

Participante – Mas pode apontar, como uma placa?

Pode, mas ainda assim não é a Verdade. A placa nunca é a verdade. Se tem uma placa com a palavra "banheiro", significa que é ali que você deve cagar?

Não confunda a placa com o que você está buscando. O fato é que está todo mundo cagando na placa. Ou, de uma maneira mais elegante, como dizia o Osho: "Não morda o meu dedo, olhe para onde estou apontando". Se aquilo para onde está sendo apontado desperta algo em você, bem vindo. 

quarta-feira, dezembro 11

ana maria que estás na periferia...


Quando perguntam "quem é você", você nota que a resposta dada, geralmente, é apenas um nome? O nível de conhecimento a respeito de si mesmo é tão superficial que para a maioria das pessoas um simples nome aparece como resposta.

Na verdade, o que acontece é que ninguém sabe e nem quer saber o que há além dessa superfície. Tudo o que importa é o seu nome, o sobrenome e o que você faz. Fora isso, o que você sabe? Quem é você?

Nem sequer um confronto com outros possíveis nomes vem a ser possível. Você está piamente convencida a respeito de ser a "Ana Maria". No entanto, o seu nome é o aspecto mais exterior de você, é apenas uma placa através do qual você é localizado no mundo. É um rótulo. E, como todo rótulo, está fora. Assim como todos os outros rótulos: sexo, idade, profissão, classe econômica, etc. Tudo na periferia.

Por isso, quando surge o anseio em conhecer a si mesmo, o primeiro passo a ser dado é para dentro. Nenhum aspecto periférico a você pode ser você. Você está dentro, nesse não-lugar, vendo todos os acontecimentos que ocorrem fora. Você vê o seu nome, portanto, não pode sê-lo...

quarta-feira, dezembro 4

aquilo que vê não pode ser visto


























Existe um aspecto da periferia que vem a ser muito pertinente. Você registra a si mesmo pelo que vê, mas em Satsang a proposta é que você comece a descobrir que você não é aquilo que você vê.

Para nos darmos conta disso, usamos uma matemática muito simples. Veja se você acompanha: você está me vendo?

Participante – Sim.

Eu sou você?

Participante – Não.

Pronto! Terminou.  Se você olhar para isso – e entender profundamente – acaba a novela, o drama.

Você não é aquilo que você vê, e é claro que para compreender isso em total profundidade, em total tranquilidade, muito há de ser destruído. Mas vamos por partes, não tem pressa. Desconstruindo, pouco a pouco, quando você menos esperar, estará com a cabeça na boca do leão.

segunda-feira, dezembro 2

o todo não cabe na parte




















Estamos aqui por um simples propósito: para que você lembre de quem você é.  Ou você retém a ideia de que você seja um pensamento, ou se dá conta de que você não é um pensamento.

Se você se dá conta de que você não é um pensamento, todas as portas se abrem. Se você retém a ideia de ser um pensamento, permanece num círculo sem fim. Continua vendo a si mesmo como aquilo que a sua mente propõe – e, obviamente, essa proposta é limitada.

Consequentemente, nasce a tendência de arrumar este pensamento. Mas é difícil arrumar um pensamento, porque sempre que você "precisa" dele, ele não está lá. Nesse sentido, você está lidando com algo fantasmagórico, não-existencial.

Se você se dá conta de quem você é, abandona este pensamento e encontra a si mesmo em totalidade. Mas, saiba, esse "encontrar-se em totalidade" não cabe na sua mente.