sexta-feira, junho 28

a tirania da linguagem e a onda se desfaz


Você insiste em olhar e relatar o que está acontecendo. Mas, o que está acontecendo? Consciência está acontecendo. Tudo é Consciência e Consciência não acontece. A linguagem limita, porque ela nos tiraniza sob um modelo que não se aplica ao que realmente é.

Note. O que está acontecendo agora? Você só pode responder baseado nos padrões aprendidos. Estão todos ocupados em "psicanalisar" as ondas do mar. Por que essa onda é assim e aquela é assado? Por que essa durou mais tempo e aquela não? Uma é de sucesso, a outra não. Pergunto: qual a significância que isso tem para o oceano?

Os problemas, os conflitos – posso te dizer com honestidade? – são de uma mesquinhez absurda e apenas determinam que você é um crente. Não somente aqueles que vão à igreja são crentes. Você crê no primeiro equívoco: "Eu sou". Preste atenção a isso e descreva o que você é. Não há "eu" no ser.

Romper com a ordem é radical, contraria todo o estabelecido. Ninguém aceita. Você está só. Paciência. Bem vindo à realidade. Tire a cabeça para fora desse enredo e olhe: o q está faltando agora? Fique quieto e saiba. Saiba que você é indescritível. Vá ao profundo oceano e fique. Essa é a sua natureza.
Ondas vêm, ondas vão... E vão. E vêm... Não se apegue a nenhuma. Isso contradiz tudo, ninguém vai concordar com você. Mas é aí que entra o convite e ele é radical. Não tem como haver um consenso no dois e o consenso do não-dois não é exatamente um consenso porque é onde você e o outro deixam de ser você e o outro. Tudo é uma coisa só. 

quarta-feira, junho 26

a bobagem do saber e o "não-saber" sábio



















“Não sei” deve ser a maior de todas as suas realizações, a única. Você precisa dar-se conta dessa condição introjetada de simplesmente repetir absolutamente tudo o que é transmitido como realidade. Já notou que você pode dizer qualquer bobagem a respeito de qualquer coisa, mas não pode dizer “não sei”?

Proponho que pare e veja que está buscando suas respostas no lugar errado. Você insiste em usar a sua mente como um Google, como se ela pudesse saber de tudo. Ela não sabe, ela é tão limitada quanto uma caixa de fósforos para um elefante.

Você precisa ir mais fundo. Nesse instante, você vê a sua mão? Como você sabe que está vendo a sua mão? A percepção não para na visão. Há algo mais. Veja! Não fique limitado aos sentidos. Vá além, é lá que está a resposta. Você vê a sua mão, você ouve a sua mão, você cheira a sua mão... mas como é que você sabe que está acontecendo tudo isso?

Este é um mergulho essencial, um retorno ao fundamental, à origem. Afinal, quem somos nós? O que é isso que está por trás de tudo?

Acreditar e repetir que você tem 27 anos de idade é propagar o engano, a convenção. Tem uma utilidade, mas não tem nada a ver com quem você é. Todos repetem e você também. Portanto, experimente dar um passo para fora da convenção, do conhecido e veja o que se revela como absolutamente possível. 

sexta-feira, junho 21

a mente deles é a sua: ver está além da mente!


A verdade é que não sabemos nada. Preste atenção e você verá, nitidamente, que estão todos repetindo o que os outros dizem a respeito de tudo. Assim, da mesma forma, quando pergunto "quem é você?", imediatamente você repete o que se conhece como resposta para essa pergunta.

O mais crítico é que, se você já me ouviu uma, duas ou duzentas vezes, de certo modo já tem pelo menos um vislumbre de qual seja a "resposta" e, mantendo o estabelecido, você é capaz de apenas repetir o que estou dizendo ao invés de mergulhar no mais fundo de si mesmo.

Porém, eu pergunto: você fica satisfeito em repetir o que estou dizendo? É bonito, é muito bonito, mas nada que possa ser dito se aproxima da beleza de ser quem você é. A fala, as palavras, são um veículo, um agente provocador. Através do veículo, vá em frente! Há muito mais naquilo que não pode ser dito. Esteja atento!

Definitivamente não precisamos mais ser o que vínhamos sendo. Mas a coragem aqui implícita é que você deixe de lado tudo o que foi aprendido e confronte a ideia de quem você seja – consequentemente, tudo o mais.

"Quem sou eu?" é o primeiro confronto. Se você consegue colocar de lado todas as ideias fica muito simples e, uma vez que você acorde para o fundamental, está feito o trabalho. Afinação será necessária, porque é muito novo. Mas ao mesmo tempo você reconhece esta como sendo a sua realidade desde antes de Abraão. Veja! Este é um ótimo momento para VER. 

quinta-feira, junho 20

o engano é inaceitável para o ego, por isso a compaixāo é impraticável

Estamos aqui para sacudir o barco. Está tudo muito certinho na sua vida, está na hora de averiguar e romper as ideias que você tem. Satsang é mortal, não é brincadeira. Você quer se sentir bem? Tem milhões de portas para isso. Mas Satsang não tem nada a ver com sentir-se bem ou mal.

Sei que vai ser difícil e aparentemente impossível em algum momento. Você verá o bicho pegar, porque, necessariamente, suas crenças devem ser questionadas. Afinal, "what the fuck are you?"

A minha dica é que você olhe para dentro, se quer a resposta. Olha! Não importa quantas vezes você tenha ouvido isso, essa seta é eterna, trata-se de uma eterna vigilância e exige enorme atenção e comprometimento.

Ninguém quer olhar para dentro, porque ao olhar para dentro você desmitifica essa realidade que foi absorvida como verdade. Aquilo que era conhecido como realidade deixa de ser real e aparece como ilusão. Quem gosta de descobrir que está enganado?

Porém, mais uma vez, não deixe que uma ideia o impeça de olhar para o lugar certo. Desmitificar a mentira é sinônimo de Liberdade, não tem nada a ver com ganhar ou perder. Aliás, em verdade, não sobra nenhum "você" para preocupar-se com o aparente.

terça-feira, junho 18

a metáfora e o literal: criança é aventura vida

Aproximar-se do essencial é aproximar-se da Atenção que você é – e isso te põe mais alerta. De repente você vê, de longe, aquilo que pode ser descartado ou do qual você deve desviar. Tem um cocô na calçada? Não pise, desvie. É simples! E o mesmo pode ser feito com cocôs internos – mentais, emocionais, psicológicos.

Fluindo com o Agora você começa a ver que existe, pragmaticamente, o crescimento magnético de um outro ambiente, de algo absolutamente novo em você. Este resgate promove um recomeço. É quase como se você pudesse escolher como se comportar a partir de agora. E a ideia é que você esqueça de tudo o que você já foi até hoje. Uma extraordinária aventura está diante do seu nariz. Você se tornou uma criança novamente.

A metáfora retrata a criança porque a criança não sabe, para ela a vida é uma grande aventura, ela não sabe nada. Ela está fluindo, completamente entregue. Na verdade, ela sabe sem saber, é um saber intuitivo. Ela se remete à mãe de uma maneira saudável, ali há uma ligação, um laço. Mas, de nenhuma maneira, a instituição mãe, a instituição pai, e todas as demais instituições provindas deste eixo, precisam existir.

Está tudo de cabeça para baixo, está tudo invertido. Olhe corretamente e você verá. Ao ver que tudo não passa de projeção, você, então, se recolhe. No princípio pode vir como uma prática, se trata de uma vigilância perene. E às vezes pode parecer difícil, porque o estabelecido, o conhecido, produz sensações e pensamentos nos quais você acredita. Todos acreditam. Mas, se você desacreditar, deixar de dar crédito a essa dita "realidade", o que acontece? As experiências passam por você.

Tal qual você se concebe, existem parâmetros herdados de reações pré programadas para cada tipo de evento. E é esta programação que o impede de experienciar diretamente o fundamental. Claro que existem circunstâncias estruturais vinculadas ao sistema corpo-mente. Há limites em ambos e isso não podemos mudar: uma martelada no dedo vai doer. Porém, o sofrimento, o drama, já é outra história.

Alguns sentem a dor, choram, passam gelo e estão prontos para a próxima martelada. E há aqueles que remoem o ocorrido por anos e, ainda, traçam sobre ele um plano de vingança. Este processo é inconsciente e precisa, necessariamente, ser rompido para que a criança apareça novamente.

segunda-feira, junho 17

Para não dizer que não falei de flores


















Quero acordá-lo para o fato de que existe a possibilidade de romper com qualquer herança vinda do passado. Você não precisa honrar sua herança – nem genética, nem cultural, nem social, nem econômica, nem religiosa, nem política.

Compreenda a História e permita-se um distanciamento, ou até mesmo a ruptura. Esse "processo" nos deixa ligados a um movimento visceral de você consigo mesmo.

A jovem lida com a mãe doente, o pai lida com o filho que está se drogando, a cidade vomita mil carros a mais por dia... criamos um habitat onde o sofrimento, a dor, é o padrão. O que surge nesse momento é: você vai continuar alimentando esse habitat ou se nega a alimentá-lo?

Você não mais alimenta este habitat, primeiramente, fundamentalmente, descobrindo quem é você. "Des-encobrir" é necessário, pois todo esse tempo as histórias, os hábitos, os mal-entendidos vêm soterrando a sua verdadeira natureza. Sem a nítida visão de quem é você, não importa a direção que você tome, não é uma questão de ética, de fazer o certo e não fazer o errado. Antes de mais nada, deve estar claro para você que os valores e os objetos que têm sido mantidos como incólumes, como patrimônios da humanidade devem ser questionados.

A nossa História, a história geral da humanidade, é um desastre. Com toda licença para o uso desse termo, ressalto que o que precisamos, mesmo, é de uma "lavagem cerebral coletiva", no sentido de que o cérebro das pessoas está tão emporcalhado que precisa ser limpo de alguma maneira. Porém, como o coletivo é mais difícil, levanto essa bandeira: comece limpando a si mesmo, internamente.

"Limpar-se", aqui, não propõe um processo terapêutico ou sócio-cultural. É o que você pensa que você é que deve ser rompido. Pratique o esquecimento, pratique – positivamente – o "Alzheimerismo". Esteja alerta dos buracos na rua e desvie deles, mas nada além disso. Abaixo a mente pensante! Desfrute do direito de ser Liberdade, em si, sem herança passada ou futura, aqui e agora. Pleno. Para não dizer que não falei de flores.

sexta-feira, junho 14

mente não é você: não mente!


A verdade é que estamos num pedacinho do céu, veja. Preste atenção. Isto é você! O corpo e a mente também são você, em aparência. Mas são tão nuvem quanto todos os objetos que você pode ver, imaginar ou sentir. Consuma isso.

A mente está sempre comparando, ela faz de tudo para não deixá-lo ficar na Observação, na Consciência que você é. Estamos aqui, portanto, para que você assuma a sua verdadeira identidade, a sua integridade.

Assuma a sua natureza e veja as propostas impostas pela mente. Ela quer que você respire diferente, se sinta diferente, coma diferente. Sempre tem algo em movimento, ela não pode parar, pois, se ela parar, você vê que ela não é necessária. 

Conta-se que Deus, solenemente, disse: "Eu mesmo não sou alguém e ainda sim eu sou". Esse "eu sou" é anterior a ser alguma coisa e isso é verdadeiro para quem quer que seja, para o que quer que seja. 

A mente está sempre fazendo alguma coisa. E, entenda bem, não tem  nenhum problema nisso. O que deve ficar claro é que é ela que faz, não é você. Deixe-a fazer, só não se envolva. Se há a ideia de que a mente deve parar, saiba que essa ideia está na própria mente.

Você não é a mente. E não existe mente parada. Mente parada é não-mente. E não-mente não é mente, é você. 

quinta-feira, junho 13

a luz e leveza do céu azul


Quem divide, quem torna uma coisa diferente da outra, ou uma coisa oposta a outra, é a mente. E o que faz a segunda coisa nascer é a ideia da primeira. É a partir do pensamento "eu" que vem o "tu". 

De onde quer que você olhe, se tem o outro é porque tem você. E se tem você, necessariamente, terá o outro. No entanto, no Amor, naquilo que É, não tem outro. Não tem você, tampouco. Tudo desaparece.

E onde há nada e ninguém, há uma alegria sem razão de ser. Aqui estou usando a palavra "alegria" só para nos aproximar de um entendimento. Porque, necessariamente, há de ser perdida até essa noção de alegria consumida correntemente pelas pessoas. Essa alegria carnavalesca.

Inerentemente, tem uma alegria "cool". Como posso dizer isso melhor em português? Uma alegria serena. Calma. Tranquila. E de dentro dessa serenidade, você olha para todas as coisas no mundo. 

De repente, a vida perde a conotação grave que tem tido e assume a leveza do céu azul. 

terça-feira, junho 11

a boa companhia e o não-copo-d'água: o fim do antropomórfico


















O paraíso é aqui e agora. O nirvana é aqui e agora. O fato é que isso não é um produto, pois estamos falando de algo que você já tem. Ou, melhor, algo que já é você.

Mas existe um investimento enorme no mundo em manter todos afastados do Agora, porque senão o mundo, como nós conhecemos, acaba. Por isso concordo que haja certo estranhamento em despertar. De repente nada é mais o que era antes. Você remove a sua atenção de um lugar e põe em outro, no entanto esse novo “ponto de atenção” é lugar nenhum.

Se você quer um mundo melhor, se quer viver “no paraíso”, só tem uma maneira disso acontecer. Sabe qual é?

Participante – Morrendo.

Isso mesmo! Morrendo para a mentira, para o engano. Essa é a única maneira. E, veja bem, se um pequeno grupo de pessoas começa a ter consciência de que viver de acordo com a mente é nefasto, um campo magnético é criado, potencialmente, por aqueles que estão despertando. E isso vai atraindo mais pessoas, criando novas possibilidades.

Eu não gosto de chamar essa nova possibilidade de “humana” porque seria perpetuar o que está posto. Isso do qual estamos nos aproximando é revolucionário. É um grande rompimento. Coragem é um requisito, pois irá perder tudo aquilo que hoje você aprecia e deseja. Se você quer companhia, este não é o caminho.

Essa abertura promove a verdadeira boa companhia. Aqui você deixa de ser humano. Os humanos chamam esse objeto na minha mão de “copo d’água”. Eu pergunto: O que é isso? A proposta é que você fique, confortavelmente, diante do mistério. Isso não é um copo d’água. E você não é quem você pensa que é.

segunda-feira, junho 10

radical, responsável: perca a cabeça!


A proposta é tão radical que o minuto anterior não nos interessa. E não nos interessa porque, simplesmente, ele não existe. O minuto só existe na mente e também só a ela interessa. Mas, de fato, tanto o minuto que passou quanto o que virá não nos serve de nada.

Como eu disse: é radical. E, não só isso, também não é de fácil consumo, eu sei. Não se trata de algo comercializável e está – num certo nível – em oposição à realidade. Acontece que a realidade, de acordo com a mente, é uma irrealidade completa e absoluta.

Você acredita que nasceu, que vai morrer, que tem pai, mãe, que tem que ganhar dinheiro... De onde você tira toda essa realidade? Ela é tão, aparentemente, concreta que chega a oprimir você, não é mesmo?

Quantas vezes você não dorme, pensando no que vai fazer amanhã? Ou na sua conta no banco? Estamos aqui, portanto, para que você veja que você não é oprimido por essa realidade.

A mente se fundamenta com algumas normas, que são passadas de geração em geração, sem investigação precisa. Você crê na falsa realidade imposta e, logo, toda essa estrutura te oprime. Oprime a energia que você é – que, diga-se de passagem, é uma energia incontível. Um paradoxo: uma energia incontível, infinita, oprimida por uns pensamentos toscos.

Assim como quando Galileu, ao propor que a Terra era redonda, o que trago aqui corrompe a sua noção de realidade. Mas eu pergunto: você tem noções ou você vê?

Feche um pouco os olhos e desmanche-se. Esqueça-se! É um bem enorme entrar no agora e esquecer, simplesmente. Esqueça de você e de todas as conseqüências desse "eu". Este é um ato extremamente responsável, porque é contrário a tudo o que te disseram. Perca a cabeça. Experimente! 

sexta-feira, junho 7

o terno fruto do eterno agora


Cristo disse: "Em verdade vos digo: a menos que um grão de trigo caia na terra e morra, ele permanecerá só um grão de trigo. Mas se ele morrer, dará muitos grãos de trigo. Aquele que amar sua vida a perderá; e aquele que odiar a sua vida neste mundo, a manterá para a vida eterna."

É arcaico, eu sei, mas vamos tentar traduzir. Se você se preocupa demais com os reflexos, você se mantém preso ao mundo, ao tempo, à forma. Se você não se preocupa com os reflexos, vida eterna para ti. 

Por quê? Porque livre dos reflexos você encontra aquilo que é eterno, você entra no agora – que é eterno. Se você ainda não encontrou, se ainda não teve um vislumbre sequer, mantenha-se retilíneo com a proposta. Persista. 

Vasculhe sinceramente, com objetividade, não fique entretido olhando para o lugar errado, para o lado de fora. Aliás, remova todos os lugares e lá estará o que você busca. Remova todos os reflexos e você estará diante de Si. É terno ser Você. 

quinta-feira, junho 6

a lacuna silenciosa no muro da mentira


Tagore diz:
Aquele que aprisiona com seu nome, fica gemendo nessa prisão.
Vivo ocupado em construir este muro à minha volta.
E, dia a dia, à medida que o muro sobe até o céu,
Vou perdendo de vista o meu verdadeiro Ser.
Na escuridão da sua sombra, orgulho-me desse alto muro e o revisto com terra e areia.
Para que não se veja nenhuma rachadura nesse nome, e com os cuidados todos que tomo, vou perdendo de vista meu verdadeiro Ser.

Se quer um exercício, eis um muito bom: sempre que houver um incansável diálogo interno, veja que se trata de uma construção – mais um tijolo está sendo colocado nesse muro. Cada vez que você acrescenta um adjetivo ao "eu", está colocando mais uma pedra no muro da mentira, daquilo que não É.

Tagore diz que cada vez que você põe uma pedra nesse muro, se afasta do seu verdadeiro Ser. Isso é simbólico. Qual o nome do seu verdadeiro Ser? Diante dessa pergunta, adoraria que você pudesse ver o Silêncio abismal que está implícito como resposta. Qual é o nome do seu verdadeiro Ser? Se buscar carinhosamente pela resposta, note que há uma lacuna, uma pausa, um não-saber.

Portanto, o convite é que você tenha essa lacuna como sua morada e não saia mais daí.

quarta-feira, junho 5

uma árvore, uma criança e o mundo de pernas para o ar


Participante – Hoje não vou conseguir dormir. Minha mente está de pernas pro ar!

Essa é a proposta: que você não durma nunca mais! Estamos aqui para que você desperte. Aprecio que você tenha uma noite de questionamentos, pois você tem dormido por todo esse tempo. Desperte. Questione-se!

Desperto, você vê que todo o conteúdo mental, sem discriminação, não passa de matéria morta. A mente é necessária apenas para nos ajudar a pedir um copo d'água, desejar "bom dia", atravessar a rua, chegar num determinado endereço...

Todas essas teorias de "para onde vamos?", "de onde viemos?", "o que é certo e errado?" são anuladas. Você está aqui para se tornar uma árvore, uma criança – e isso é imediato. Não pode haver tempo, porque o tempo não é necessário para que você entre no agora.

Participante – No email que recebi para vir aqui dizia mais ou menos que você convidava as pessoas ao aqui e agora. Na verdade, foi isso o que me fez vir. Porém, percebo que você é muito mais contundente do que eu supunha. Obrigado!

Bem vindo.

terça-feira, junho 4

a luz, o livro e o idiota universitário


Se você está preso à mente, é inegável que você esteja nessa sala, mas não é você que está na sala. O silenciamento, a aquietação da mente, esvazia de substância todas as coisas. Como é que você está agora? "Não sei" é um bom começo. Se você sabe, é porque você pediu auxílio da mente para conceber uma situação, descrevê-la, e você tem que acreditar naquilo. Se você não acredita, se você não pede para a mente, você não sabe. E quando é que isso termina? Não sei. Vamos ver?

Em realidade, não começa nem termina. De um ponto de vista está sempre terminando e do outro ponto de vista está sempre começando. E tem um outro ponto de vista onde não começa nem termina.

Você segue os pensamentos, acredita nos pensamentos e gera outros pensamentos que sugerem que você pare de seguir os pensamentos. Mas você não tem que parar os pensamentos, só não acreditar neles.

Dizem que você é um idiota e você logo pensa que tem que fazer alguma coisa... decide ir para uma universidade. Isso faz de você apenas um idiota universitário. Ora!

Se você olha para o lugar certo, nenhuma descrição toca você. E isso é uma visão, não é uma crença. Eu não quero que você acredite. Veja! Isso é o que liberta você dessa condição de prisioneiro de uma cela vazia. Você é um prisioneiro que é a própria prisão onde não tem nem prisioneiro. Veja se você me entende. Você está preso numa prisão, mas não tem ninguém preso e, eventualmente, você há de descobrir que não tem nem prisão. Você estava apenas sonhando.

Um livro é um livro somente de acordo com a sua mãe, de acordo com a mente. Mas experimente perguntar para ele o que ele é. De repente, existe um silenciamento.

Pondere: você realmente acredita nas descrições que a sua mente faz a respeito do que quer que seja? Se sim, então você não viu a luz ainda.

segunda-feira, junho 3

o insatisfeito teme o vazio da perfeição
















De certo modo, o sofrimento é positivo. Eventualmente, ele pode levá-lo a si mesmo. É possível que quando você não agüentar mais, você se volte para o que realmente importa. E isso acontece em menos de um segundo.

A velocidade da luz não existe aos seus olhos e sistema neurológico. Este é o nosso dilema. Aqui estamos, insistentemente, tentando acessar o que não pode ser acessado. Por isso insisto: para ver o que não pode ser visto, deve haver um salto intuitivo.

Seus olhos não podem ver. Seus ouvidos não podem ouvir. A mente jamais poderá pensar o ser. É um salto quântico. Ao me ouvir, você pode dar-se conta de que você já é aquilo em que você quer se tornar.

Você entende?

Participante – Muito pouco. Na verdade, estou entendendo o que mais me interessa.

E o que mais te interessa?

Participante – Achei interessante quando você falou, antes, a respeito do nosso investimento na mentira.

O que você entendeu? Do quê você se deu conta, exatamente?

Participante – Consegui entender que estamos sempre querendo chegar ao pico. Consideramos, inclusive, não encontrar a Verdade agora, porque ainda esperamos ser milionários e felizes.

O agora nunca basta, não é mesmo?

Participante – Estamos sempre no futuro.

Eternos insatisfeitos. Quando você vai entregar essas pequenas ideias e se dar conta de que o agora está perfeito?