terça-feira, maio 14

nos lábios do silencio



A mente mal compreende a radical proposta do não-fazer e logo lança a astuta – e equivocada – pergunta: "Mas quem vai pagar as minhas contas?" 

Isso porque o seu mundo é linear e ela acredita que tudo gira em torno dela. A mente é incapaz de compreender que as contas são pagas por si mesmas. Se ela não atrapalha, se ela não tenta interferir, tudo flui da maneira mais simples e tranquila possível.

Há um ponto de compreensão onde você não tem a menor ansiedade em trabalhar e tampouco em querer parar de trabalhar. Num certo nível você para de trabalhar. Num outro, você continua trabalhando, mas trabalhar deixa de ser chamado de "trabalho". E é neste ponto que as contas vão sendo pagas sem a sua intervenção.

Na verdade, um dos frutos da Meditação, da presença do Silêncio na nossa vida, é a criatividade. Quanto mais presença silenciosa, mais criatividade transborda e, de repente, a vida está acontecendo, tudo está circulando sem que você tenha a menor noção de "trabalho". 

Entra a noite, amanhece o dia, e você nem percebeu. Qualquer sacrifício é feito, como se você estivesse ausente. Isso vem do Ser. Não é a sua vontade que está sendo realizada, é uma realização do Ser através de você. Um fazer sem fazer. Uma flauta nos lábios do silencio soa cores inimagináveis. Aliás, sacrifício quer dizer isso: "ofício sagrado", imerso no mundano.

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