terça-feira, janeiro 31

venha, venha!



Como é que você se move: no esquecimento ou na lembrança? Aqui, quando digo “lembrança” e “esquecimento”, entenda esquecimento como ignorância de si mesmo e lembrança, sabedoria.

Sabedoria quer dizer que você sabe quem você é, quer dizer que isto foi questionado e visto. E, enquanto a visão clara ainda não ocorreu, você ainda se distrai – ora no esquecimento, ora na relembrança. Não tem nenhum problema nisso. Retorne sempre que possível. Às vezes você se identifica completamente com os meandros da vida e em outros momentos não. O importante é que, entre uma coisa e outra, durante uma coisa e outra, se mantenha a vigilância daquilo que você é.

O único detalhe importante nisso tudo é que o “relembrar” não é um fazer, ele ocorre à sua revelia. Por isso reforço a importância em comprometer-se com esta “visão”. Sempre que ocorra, sempre que você for “visitado” pela presença do Silêncio, receba-o com muito carinho e confie. Este ato de entrega e confiança, de alguma maneira, o manterá cada vez mais próximo. Chega um momento em que o “visitante” – o Silêncio – não vai mais a lugar nenhum. Porque essa é a verdade: ele não vai a lugar nenhum. É você que viaja no “esquecimento” e depois retorna.

Não tenha pressa, enquanto houver esse ir e vir, esteja atento e celebre o “vir”, o retorno. A verdade é que enquanto houver conforto nesse “processo”, você se mantém acomodado. No entanto, pode ser que, enfim, chegue o momento em que se torne insuportável ou impossível “ir”, e você se entregue ao fogo da Verdade e queime o mais rápido possível. Aliás, se quer saber, estou esperando por você.

segunda-feira, janeiro 30

um leão por dia



Eu vejo que, para a grande maioria de vocês, é inacreditável que a Verdade seja tão simples. Havia uma senhora, que costumava me ouvir, que dizia: “Mas, Satya! Não pode ser tão simples”. O velho havia construído a dificuldade dentro dela. Ela aprendeu que tudo deveria ser conquistado com dificuldade e acreditava fielmente nisso.

Sobre isso, Osho dizia o seguinte: “Se eu lhes dissesse que, para iluminar, vocês precisariam matar três mosquinhas, duvido muito que ficassem me ouvindo por mais que cinco minutos. Então, tenho que dizer que vocês precisam matar um leão por dia.  Mas a verdade é que basta matar três mosquinhas”.

O que a sua mente diz disso? Ela não acredita que possa ser tão simples, não é mesmo? E ela não aceita que seja simples porque não pode aceitar que algo tão simples não possa ser visto por ela. Mas é isto mesmo! Saiba que o VER não depende de você, tampouco da sua mente. Renda-se! A Verdade está nos seus olhos.

sexta-feira, janeiro 27

a morte do falso



O meu trabalho – que, definitivamente, não é um trabalho, é um privilégio – é convidar as pessoas a verem que elas não são os conceitos que imaginam ser. Aquilo que nós somos não pode ser encarcerado por conceito nenhum, e está acessível exatamente aqui e agora. 

Existe uma grande confusão a respeito de “parar de pensar”, de “meditar”, de “aqui e agora”, de “tempo e espaço”, de “quem é você”... Estas questões são básicas, e você está iniciado no seu despertar quando elas começam a se esclarecer.

Ultimamente, pela “tecnologia” que Osho e alguns outros mestres deixaram, este assunto está caindo de maduro – é pegar ou largar! Todo o meu impulso, desde de muito cedo, esteve voltado para “acordar”, tudo o que fiz, foi para isso – hoje entendo que nada do que fiz me levou a isso, porém, o impulso nunca deixou de existir. Se esta é sua sede, este é o convite que repasso: está totalmente fora de moda não acordar.

Existe uma estrutura velha, mental, beirando à caretice, em torno daquilo que foi um grande movimento incendiado pelo Osho. Outro dia me convidaram para uma palestra em Brasília, num lugar que “apóia” o seu trabalho e, por incrível que pareça, entre as 50 pessoas que estavam presentes, somente 3 eram frequentadoras daquele espaço. Isto é preocupante, beira à covardia. O que estão fazendo com aquilo que foi iniciado por ele?

O presente lhe está sendo oferecido agora. É óbvio que Satsang vai acabar com quem você pensa que é. Mas, não tema! Ao mesmo tempo que morre o falso, aparece aquilo que é verdadeiro em você, que já está aí, apenas precisa ser compreendido – se trata de uma revelação.

quinta-feira, janeiro 26

natureza original


O único convite implícito em Satsang é para que você abandone o conteúdo. Sinalizando o mesmo, Osho costumava usar a terminologia "to drop" – deixar ir, descartar. Este termo, no entanto, exige um certo cuidado ao ser compreendido, pois, quando falamos em "abandonar" ou "descartar", logo supõe-se um fazer, uma ação – que, por sua vez, supõe um sujeito –, e é aí que a grande maioria se perde.

O engano nasce quando você concebe a si mesmo como um colecionador de conteúdo, de conhecimento. Dessa forma, quando é sugerido que abandone a si mesmo, você se perde entre aquilo que deve ser abandonado e aquele que está a abandonar. Através do olhar correto, proponho uma outra forma – muito simples – de ver este quadro: todo o conteúdo é da mente e você não é a sua mente.

O que deve ser abandonado é a identificação com o conteúdo – que não tem nada a ver com você. Aquilo que acontece ao corpo é passível de tornar-se conteúdo apreendido pelo corpo. Aquilo que passa pela mente é registrado, elaborado e, na maioria das vezes, arquivado por ela. Você, no entanto, não tem nada a ver com isso! 

Deixe que o corpo e a mente desfrutem de suas qualidades e interesses, e mantenha-se comprometido com a Observação inerente. Em ignorância, você tem se confundido com aquilo que é percebido e tem passado toda a sua vida ocupado com os sentidos. Mas aquilo que é percebido não é você.

Aquiete-se e comece a notar que todos os dias, por muitas vezes, ocorrem momentos sem nenhum conteúdo, sem nenhum pensamento. Você foi condicionado, treinado, forçado e empurrado a não perceber estes momentos. Agora, portanto, este deve ser o seu maior deleite: voltar-se à sua natureza original.

quarta-feira, janeiro 25

natural: paz e alegria


Mais uma vez, eu insisto: aquilo que é visto não é você. Aquilo que é descrito não é você. Você é aquilo que vê. E, deste ponto de vista, todas as descrições – todas! – se tornam insubstanciais.

A Consciência não se perturba, de nenhuma maneira, a respeito do que venha a ser positivo ou negativo. Estes parâmetros foram criados e são reforçados no nível superficial, das relações no mundo. Estamos aqui, portanto, para descobrir este "ambiente" onde o negativo e o positivo não têm substancia.

Descreva para si mesmo uma história considerada "positiva", e em seguida conte uma história "negativa" – ambas envolvendo "você" como personagem – e observe o que acontece por trás da história. Você tem se identificado com o personagem e com aquele que conta as histórias... Acorde! Já é tempo de se identificar com aquele que vê todas as histórias passando.

A mente cataloga o negativo e positivo. Quem você é não se envolve com isso, apenas assiste, observa. Nem a mais bela descrição é capaz de descrever quem você é, de verdade.

Os acontecimentos são aparentes – tudo aparece dentro daquilo que você é. Não se apaixone pelas aparências, pelas histórias. Creio que você já esteja cansado de correr atrás disso. Recolha a sua atenção para a observação que é natural à você e veja a vida acontecer em paz e alegria.

terça-feira, janeiro 24

silêncio é morte


Recentemente ouvi uma frase bem curta e completa que diz: “Silêncio é morte”. A autora da frase é a Gangaji. “Silêncio é morte” – ela diz. Confesso que fiquei um tanto quanto em choque, enquanto ouvia sua fala. Pois, o que mais pode haver depois disso?

O convite é repousar no Silêncio – e, atualmente, ousamos dizer que esse Silêncio, no qual você está sendo convidado a repousar, é você. Às vezes me pego sem esperanças, porque este convite não é bem vindo para a maioria das pessoas. Mas, num ato de teimosia, trago à baila mais uma vez: você é o Silêncio! E o Silêncio é a morte de quem você pensa que é.

Se tem acesso a isso, celebre. Ou, então, continue procurando – levante pedra, moa pedra, coma pedra... mas continue procurando. Eventualmente haverá uma rendição. Digo “haverá” arrogantemente – porque se não for seu destino acordar para o segredo, você permanecerá buscando e tentando obter respostas para as suas perguntas. Mas, se o Silêncio é morte, é a morte do quê? É a morte desse que está constantemente buscando respostas.

Isso me lembra o diálogo entre um monge e seu mestre:

O monge diz:

“Mestre, você pode me dizer o que é a iluminação?”

O mestre responde:

“Sim, poderia. Mas você seria capaz de compreender?”

Uma vez vislumbrada a resposta da pergunta “Quem sou eu?” – se tiver coragem de colocar de lado tudo o que acredita –, o acesso ao Silêncio a que me refiro será imediato

segunda-feira, janeiro 23

a bendição do simples


A Verdade é muito simples, não complique. Você deve estar na luz para conhecer a escuridão. Simplesmente fique atento de Si mesmo – a luz. Salte para dentro do fogo do conhecimento. Você é luz e não fique preocupado com o que vai acontecer com a roupa dos seus conceitos e dos seus condicionamentos. Este fogo da Consciência vai queimar tudo. 
                                                                                                      Papaji

A pergunta "Quem é você?" funciona como uma navalha, ela corta a arrogância do corpo-mente. O corpo-mente se auto-intitula "você". Assim, quando você pergunta "quem sou eu?" essa possibilidade de arrogância se torna invisível.

Já usei essa metáfora e repito, porque cabe muito bem: entregar-se à auto-indagação é como deixar o câmbio em neutro. Você pergunta "quem sou eu?" e o motor perde toda a sua turbulência. Faça isso e observe o espetáculo.

Se você corta o vínculo com o tempo – passado e futuro –, você corta as cordas com a história e permanece no Agora.

A Verdade é por demais simples e cheia de bendições. A Verdade o liberta da prisão dos conceitos e pensamentos a respeito de si mesmo e do mundo. Essa é a única liberdade. Entregue-se a isso e veja o "fogo da Consciência queimar tudo".

sexta-feira, janeiro 20

a mente como guia


É possível crer no material que a mente gera internamente? O que você tem seguido como guia? A mente, incansavelmente, gera pensamentos que logo se transformam em conclusões e promovem limitações. O que Satsang nos propõe é justamente parar de seguir este fluxo e aquietar-se.

Se existe o interesse em descobrir quem você é, pare de ir a algum lugar guiado pela sua mente. A resposta vem de dentro de você mesmo, para você mesmo e por você mesmo – até porque não existe mais nada, a não ser você mesmo. 

Renda-se! Experimente... Por vinte e um dias, não dê ouvidos à sua mente de maneira nenhuma. Apenas vinte e um dias! Isso será o suficiente para algumas mudanças no seu sistema. Por vinte e um dias, perceba o ruído da mente apenas como um rádio distante e, se você gostar da experiência, repita isso por mais vinte e um dias e mais vinte e um... até que este passe a ser o seu jeito de viver, observando.

Pondere: você quer viver o resto da sua vida dando ouvidos à sua mente? Se você chegou até aqui, quer dizer que existe uma grande possibilidade de já ter ante-visto o trágico de viver tendo a mente como guia. 

Note que todo o material gerado pela mente aparece e desaparece, como ondas.
Você é aquilo onde as ondas acontecem. Portanto, não há o que temer. Aquiete-se e ouça o Silêncio disponível aqui e agora.

quinta-feira, janeiro 19

a madre tereza, o gandhi e o batman




A noção que se propaga a respeito da iluminação é a de que um iluminado vem a ser um misto de Madre Tereza, Mahatma Gandhi e Batman – e assim a mente tenta transformar o seu encontro consigo mesmo numa conquista do ego.


Todos querem ser bondosos como a Madre Teresa, corajosos como Gandhi e indestrutíveis como o Batman. Mas esta é uma noção extremamente infantil e imatura a respeito de algo que a mente não tem a menor ideia do que possa ser.


Iluminação não tem nada a ver com super-poderes, tem a ver com ser capaz de ver que neste instante, aqui e agora, nenhum conteúdo perceptível é você – você é aquilo que percebe todos os conteúdos.


E, aqui, aproveito para reforçar algo relevante: nenhum conteúdo é melhor que outro, tudo é "farinha do mesmo saco" e se submete às mesmas leis. Como Osho disse: "Qualquer tempo, no tempo, é o mesmo tempo". Seja o passado, o futuro, pretérito imperfeito, futuro do presente... enfim, não importa! Não tem nenhuma diferença.


O único "ponto" que se diferencia de absolutamente tudo é o Agora, onde não existem conteúdos. O nosso intuito em estarmos aqui, portanto, é exercitar um direito – de nascença – de livrar-se dos conteúdos. Por que você insiste em apreender os conteúdos todo o tempo?


Alguém te disse que um copo d'água é um copo d'água e você apre(e)ndeu isso. Chegou a hora de ter suas dúvidas a respeito de tudo aquilo que vem do passado, das memórias, de uma experiência anterior. É o momento de ter uma "experiência" do Agora, livre de conteúdo ou memória..

quarta-feira, janeiro 18

um mundo melhor e o invisível aos olhos


Quando perguntado a respeito de quem é você, ter um nome ou qualquer que seja a palavra como resposta, o deixa satisfeito? Este é um ponto crucial no nosso encontro, pois é indispensável que – para encontrar a si mesmo – possamos ir além das palavras.

Se você acredita que é o "Antônio" e o seu vizinho acredita que ele é o "João", qual a chance de irmos em frente? Se você acredita que é uma mulher e o seu companheiro acredita que é um homem, de que maneira poderemos explorar aquilo que é invisível aos olhos?

As pessoas estão preocupadas e engajadas em conquistar "um mundo melhor", mas pergunto: qual a chance de termos um mundo melhor sem romper esses conceitos que nos apreendem no mundo em que vivemos hoje?

Essa "moda" de lutar por um mundo melhor só tem conseguido ampliar o grau de competição – agora tem os que destroem o mundo e os que querem melhorá-lo. De que lado você está? Onde você se encontra verdadeiramente? Antes de querer mudar o mundo ou a si mesmo, investigue primariamente quem é esse "eu" que está sonhando em fazer alguma coisa? Encontre um ponto onde não haja nem pior nem melhor, onde nada precise acontecer. O mundo não está nem pior nem melhor do que ele deveria estar.

Há um "ambiente" para o qual você pode se mudar e que sempre o acolhe do jeito que você é – sem nenhuma referência de nomes, sexo ou idade. Alguns chamam este "ambiente" de Paz, e os que já se engajaram em encontrá-lo, descobriram que ele está Dentro. Se você precisa mesmo se envolver em algum movimento, vá para Dentro!

terça-feira, janeiro 17

silêncio é a resposta


















Trago uma pergunta que não quer calar... Se você está aqui, suponho que o seu interesse seja descobrir quem você é. A minha pergunta, portanto, é: Você já tem uma resposta?

Participante – Sim

Qual é a sua resposta?

Participante – Não consigo chegar a nenhuma conclusão.

É exatamente neste ponto que o impacto da pergunta acontece. Você está aqui para se dar conta disso: não é possível chegar a uma “conclusão” a respeito de quem você é.

Primeiramente, perceba que não há nenhuma necessidade de conclusão. Conclusões apontam para um relacionamento conceitual dentro da mente. Quando você conclui o que quer que seja, esteja certo de que isso está ocorrendo dentro da mente. Assim, você aprisiona um conteúdo que estará disponível, dentro de uma gaveta, devidamente empacotado, à espera do momento em que a gaveta seja acionada.

Ou seja, usualmente, se alguém pergunta quem é você, você recorre a uma memória para responder. No entanto, quem você é não pertence a uma lembrança, não cabe numa memória. Quem você é só pode ser visto aqui e agora, livre de qualquer relação com o tempo ou o espaço.

A pergunta “quem é você” aponta para um outro nível de resposta. Na verdade, não há uma resposta acessível aos sentidos, quando a resposta aparece não tem “você” respondendo. Portanto, quem poderia concluir alguma coisa?

Não se engane: a mente conclui que você é uma pessoa – alegre, triste, boa, má, rica, pobre... – e isso não o satisfez até hoje. É, inclusive, por isso que você está em busca da derradeira resposta. Não desista! Vamos em frente! Recorra a tudo o que conversamos até aqui e diga-me: Quem é você?

segunda-feira, janeiro 16

o infinito sem tamanho

















Tem algo que eu gostaria de deixar extremamente claro, vejamos se você me acompanha. Não importa se você está pensando a respeito do passado ou do futuro: você está aqui e agora, não tem a menor chance de estar em algum outro lugar.

O mal-entendido está na ideia de que quando você pensa no passado, vai para o passado – mas a verdade é que você não vai a lugar nenhum. Você só pensa que vai, mas não vai. Tudo acontece aqui e agora. Todos os pensamentos, todos os sentimentos, tudo, absolutamente tudo acontece aqui e agora. Não importa o que você faça, você não consegue sair do aqui e agora.

Pense que você está em Nova Iorque e veja o que acontece. A mente entra num passeio de imagens em ação – imaginação – e você permanece como observador deste acontecimento. Veja! Experimente isso. Pense em qualquer coisa e veja se você vai a algum lugar.

Não se preocupe com o que a mente quer fazer com isso – apenas tente compreender. Os conceitos trazidos e elaborados em Satsang visam o esclarecimento. Aqui, a mente deve ser sua amiga – há algo a ser compreendido e é somente ela que precisa de luz. O Ser já é luz, não há nada que ele precise saber, Ele é o mais profundo Saber, Ele é o Saber inerente. É a mente que precisa avaliar certos conceitos, clareá-los e compreendê-los de forma correta.

A “forma correta” pede que você olhe para dentro e isso não passa pelos sentidos. A completude não pode ser percebida com os sentidos, com os sentidos você só percebe fragmentos. O “aqui” não tem tamanho, o “agora” é infinito, já os sentidos estão sempre surgindo e desaparecendo, indo e vindo.

Portanto, de uma vez por todas, compreenda: você não pode compreender o Ser através dos sentidos. Esteja ciente disso e, ao invés de comprometer-se com o perecível, entregue-se à magnitude daquilo que não tem começo nem fim.

sexta-feira, janeiro 13

o romper da divisão e a desordem da alegria



















Todos os processos que você vislumbra como caminho para a sua realização, se referem a uma entidade imaginada chamada “eu”, e é exatamente deste centro que nasce tudo o que deve ser questionado em Satsang.

Questione-se a respeito da possibilidade de que você não seja esse “eu” que você pensa que você é e, atenciosamente, ouça todas as considerações geradas pela sua mente. Uma delas, certamente, será a ideia de que se você não for isso que você pensa que você é, tudo se tornará uma grande desordem. Mas, espere um pouco, se isso tiver um milímetro de fundamento, podemos ficar certos de que Deus nos sacaneou com maestria, pois, como poderia estar nas mãos de algo perecível e altamente subjetivo a ordem de tudo?

A ordem da mente não é nada mais que um mecanismo que só funciona dentro dela mesma, e é esta ordem que cria os processos, que levam a um caminho, que prorrogam o seu despertar. Para deixar tudo isso bem claro, uma coisa é muito simples de ser entendida: a mente não quer e não pode fazer nada pelo seu despertar. Ela precisa manter a sua ordem e, com isso, ela se retroalimenta ad infinitum

Porém, você é a vida acontecendo agora. Note que, enquanto a mente se repete como um velho disco arranhado, neste momento presente, aqui e agora, há um frescor, há uma pulsação, uma vibração silenciosa que parece romper a aparente divisão entre o seu corpo e tudo ao seu redor.

É para isso que estamos aqui, para notar que você não é este “eu” imaginado, habitante da sua mente. Descubra que este “eu” ocorre dentro de quem você é. E que não somente isso, como absolutamente tudo, ocorre dentro de quem você é. Dos mais perturbadores pensamentos ao mais belo sorriso, não há sequer uma fagulha que esteja fora de você.

Essa é a suprema liberdade: nisso que você é, tudo pode acontecer. Não há nada que possa ou deva ser excluído, assim como não há a menor necessidade de desejo, pois tudo – absolutamente tudo – é você. E a boa nova é que para "chegar" a isto, nenhum caminho, nenhum método, nem mesmo um segundo é necessário. Esta é a mais pura Verdade, aqui e agora. 

quinta-feira, janeiro 12

não há tempo para requisitos

















Quando você para de impedir o sofrimento, quando aceita o sofrimento como ele é, você para de sofrer. Porque a única coisa que o faz sofrer, é não querer sofrer. Este é o único problema: não aceitar aquilo que está posto.

Usualmente, quando sente dor, você pensa que não deveria estar doendo e começa a ter uma série de alucinações a respeito da razão daquela dor – karma, entre tantas outras – e, desse modo, tenta encontrar um significado para o que está ocorrendo, ignorando que o que está acontecendo simplesmente está acontecendo, sem o menor significado.

Na verdade, a dor não precisa ser chamada de “sofrimento” – e não é. Experimente! Você para imediatamente de sofrer quando nota que aquele que está sofrendo não é você. Se você ainda está tentando impedir o sofrimento, a raiva ou o medo e tentando se tornar a Madre Tereza ou qualquer outro exemplo social de “perfeição”, saiba que esta é a maneira mais eficiente de prorrogar o seu despertar.

Se você se mantém nesse trilho, que não passa de pura imaginação, despertar se torna impossível, porque imaginar é o único impedimento para que isso ocorra. Para realizar “quem você é” não existem pré-requisitos. Permita-me repetir: nenhum pré-requisito é necessário para a realização de si mesmo. O que o afasta dessa compreensão é crer nos incontáveis dogmas que assolam esta questão e tratam a Consciência, o Silêncio que você é, como algo no futuro, distante – ou seja, inalcançável. Pare, remova todos os conceitos e veja nitidamente quem é você.

quarta-feira, janeiro 11

o corpo sumido: você!

















Iluminar não é ver o sentido de tudo, é ver que não há sentido em lugar nenhum. Não existe o menor sentido no âmbito dos objetos, tudo pode acontecer, assim está posto.

Comece a duvidar que você seja o que você está imaginando. O que você tem a perder? Se você não for nada do que você está imaginando, eu pergunto, o que você perderia diante dessa revelação? Observe o que é “isso” que você insiste instintivamente em preservar. Esteja certo de que, diante disso, só lhe restará uma grande gargalhada ou um mar de lágrimas.

O que o mantém cego, iludido quanto à Realidade, é olhar para fora. É isto que o faz acreditar piamente que você seja o corpo e a mente. Mas, investigue: todas as noites seu corpo dorme e você deixa de ser ele. Enquanto você está dormindo, poderia cair uma bomba atômica e você não teria o menor envolvimento com o ocorrido. Seu corpo, simplesmente, sumiria num micro segundo.

O segredo que Satsang compartilha é que você é a Observação presente exatamente agora, exatamente aqui. Que esforço precisa ser feito para ser o que você já é? Que esforço você precisa fazer para estar aqui? O que lhe é exigido para que você esteja no agora? Já parou para perceber?

Inúmeras tradições nos envenenaram com a ideia de que deveríamos fazer algo, passar por uma série de ritos e princípios para chegar ao paraíso. O convite neste momento é para que você pare e veja que este que você chama de “eu” acontece dentro d’Aquilo que, de fato, é Você – e isto é perfeito e está em todos os lugares, portanto, não pode ser alcançado num outro tempo e num outro lugar senão aqui e agora. Ou seja, as tradições impossibilitam a visão clara de que o paraíso é aqui e agora e que não absolutamente nada além disso. Veja!


segunda-feira, janeiro 9

o ver diante dos olhos


Aproveitando a deixa de um aparente ano novo, vale explorar esse tema. A sociedade, como um todo, apela pela esperança. Muita energia é depositada em dar mais esperança aos que estão desesperados, sem notar – ou, na verdade, completamente ciente disto – que oferecer esperança aos desesperados só perpetua o desespero.


E você tem se contentado com um "Doril", que alivia momentaneamente aquela dor que virá a surgir novamente mais tarde. Satsang, porém, oferece um outro antídoto. O remédio oferecido em Satsang é que você não remedeie. Se você está desesperado, fique ainda mais, porque talvez através desse desespero você entregue os pontos.


Participante – Desesperado, aqui nesse contexto, é quando não esperamos mais nada, não é?
Exatamente.
Participante – Este é um bom caminho.


Um caminho ainda propõe uma dose de esperança, portanto, Satsang não é um caminho, é um encontro. Na nossa cultura, estar desesperado não é aceitável mentalmente. Quantas vezes você já ouviu que "é preciso manter a esperança"? Todos precisam ter um sonho, é isso que as músicas cantam e a televisão fala o dia inteiro. É por isso que maturidade aparece como um requisito para chegar à Verdade, porque estamos indo contra uma montanha de argumentos totalmente aceitos e aparentemente reais para a grande maioria.


Satsang não propõe nenhuma esperança. Satsang coloca, inevitavelmente, o aqui e agora como única possibilidade. Aqui, você rompe com a esperança – este é o único objetivo. E, uma vez que você não espere mais nada que possa vir de um outro momento, que não esteja aqui e agora; ou seja, uma vez que você pare de imaginar, o que fica?


Dê-se conta de que o seu sofrimento repousa no tempo. Você sofre porque compara o momento presente com um momento imaginado. É a esperança que o faz sofrer. Portanto, não espere absolutamente nada. Não há nada "depois". Simplesmente esteja presente e veja o presente se abrir diante dos seus olhos. 

sexta-feira, janeiro 6

o ir do não sei


Se você se aquieta, e quietude é você, o seu corpo faz o que lhe compete, sem nenhuma interferência. Experimente por si mesmo, veja!
Visite o ambiente do buda o máximo que puder, visite a sabedoria da Consciência o máximo que puder – até que não haja mais distinção entre você e a Consciência.
No começo, parece haver distinção, parece haver separação, porque a sua atenção está focada em inúmeras coisas. Ora você está alerta disso, outrora daquilo. Já a Consciência é contínua, ela não sofre interrupção – e isto é você.
Estou o convidando a olhar para sua essência, aquilo que é natural em você. Uma vez que você veja e aceite, fica transparente aquilo que não começa nem termina, aquilo que permanece presente apesar de tudo. Diante disso, você está de mãos vazias, pois nada do que lhe foi ensinado consegue definir ou ser aplicado neste mistério. 
Um mestre perguntou ao seu discípulo:
- Aonde você está indo?
- Eu vou por aí
- Por aí onde?
- Não sei.
- Não saber é um bom jeito de ir – concluiu o mestre.
Permaneça no não-saber e você estará ininterruptamente em sintonia com a Consciência. Só a mente insiste em saber e dar sentido a tudo – ela pensa que sabe. A graça de estarmos reunidos está em reconectar e ressaltar o ininterrupto como absolutamente primordial. 

quinta-feira, janeiro 5

criança do agora


A proposta é simples: o que é apresentado em Satsang não almeja levá-lo a nenhum lugar, senão ao "aqui e agora". Desapegue da obsessão de ir para o passado e para o futuro e note que isso que chamamos de "Consciência" não existe nem no futuro nem no passado.
No passado e no futuro existem pensamentos, ideias e imaginação. No aqui e agora só há Consciência. A linguagem não consegue dizer tudo, e isso – às vezes – aparenta uma contradição.
Se você começa a notar que não há mais tanto interesse pela sua história – nem pregressa nem futura –, que o seu interesse está pousado na presença aconchegante, aquietante e silenciosa, isso significa que você está ouvindo o Silêncio para o qual Satsang aponta.
Neste ponto há expansão, seu tamanho não é mais o mesmo. Esta é a "textura" do Silêncio e aquilo que é inerente ao aqui e agora fica transparente. Isso é Verdade, Consciência e Paz.
Permita que isso penetre em você e veja a noção de quem você é, a sua história pessoal, perder completamente a importância. Nisso, o relaxamento entra. O que o deixa tenso é a história – é o que passou e o que virá.  Sem as histórias, você se torna um bebê, uma criança, sem futuro e sem nenhum passado. Ou seja, sem preocupação. 
Nesse momento, confie, o seu sistema se reorganizará. Agora, toda a energia vital está disponível, não está mais indo para sua mente. Você tem buscado por "qualidade de vida"? Esta é a melhor qualidade que uma vida possa merecer. Sem passado e sem futuro não existem tensões, e as possibilidades se ampliam infinitamente. 

quarta-feira, janeiro 4

o silencio dança


O amor não é produto de sistemas, de hábitos, nem de um método. O amor não é a cultivação dos pensamentos, amor nasce quando há Silêncio.
A mente só é capaz de compreender o Silêncio quando compreende o seu próprio movimento de pensamentos. E, para compreender este movimento de pensamentos não pode haver condenação enquanto se observa.
Observar sem condenação exige disciplina, e esta qualidade de disciplina é fluída, livre – logo, não é uma disciplina. Note que a condenação brota da mente. A mente sempre olha para isso ou aquilo com condenação.
O Silêncio não condena você, o Silêncio aniquila "você" – não fica você em lugar nenhum. Você some, e no lugar do você fica o Silêncio, livre e observativo.
Enquanto a mente condena o tempo todo, porque ela vive disso; no Silêncio, desaparece aquele que condena. Enquanto a mente projeta o tempo todo o passado e o futuro, o Silêncio grita: Agora é o suficiente!