terça-feira, outubro 18

o pavão e o espelho vazio


Você é um espelho vazio. A Consciência, aquilo que você é, de verdade, é um espelho. Por toda uma vida, em equívoco, esse espelho tem colecionado poeira, tem colecionado camadas e camadas de coisas. Há uma tese, portanto, de que este espelho esteja totalmente nublado pelo passado, e esta é uma tese vastamente aceita.

A partir disso, imprimiram sobre você a ideia de que métodos e instrumentos são necessários para que este espelho seja limpo. No entanto, estamos aqui para ressaltar, de maneira simplificada, a natureza original do espelho. Sem nenhuma necessidade de método, é possível realizar que a natureza do espelho é incorruptível. O espelho, portanto, permanece incólume, sem nenhuma identificação em relação à poeira ou qualquer objeto diante dele.

É apenas uma tese que assume que o espelho se suja, e você aceita em ignorância. Na verdade, não é isso o que acontece.

Um pavão para diante de um espelho e o espelho pacificamente reflete aquele objeto. Repito: apenas reflete. O pavão tende a pensar que ele é o espelho, mas o espelho jamais se confunde quanto a isso, ele não pensa ser o pavão. E, uma vez que o pavão se vá, o espelho permanece sendo ele mesmo, mantendo intacta a sua natureza.

Um burro para na frente do espelho e por dez anos ele é refletido. Durante todo o tempo, ele pensa ser o espelho. Porém, o espelho nem sonha ser o burro. O espelho sabe que aquilo é apenas uma fumaça, de passagem, de visita. E, principalmente, sabe que deve ser tratado como tal.

Jamais há a necessidade de expulsar qualquer objeto à sua frente, porque nenhum objeto é capaz de afetar a natureza do espelho. O espelho sabe disso, o burro, não. O burro se vai, no entanto, e o espelho permanece intacto, sem nenhuma marca ou memória.

Estamos aqui, na tentativa de promover o vislumbre de que tudo o que está acontecendo são reflexões no espelho da consciência que você é. Dependendo do contexto em que se encontre, pode parecer árduo e esta é a razão de nos encontrarmos onde é promovido o contexto aproximado à possibilidade dessa visão.

Coloque, então, toda a sua energia na clareza, no silêncio, na observação. Verifique a temporariedade de todos os objetos observados e, ao mesmo tempo, note a eternidade daquilo que observa.

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