sexta-feira, agosto 12

experiência zero: um.






















A maioria das pessoas acredita que acordar – ou chegar ao cume da experiência humana – é um somatório de experiências. Porém, o clímax da experiência humana não é um somatório de experiências, é, ao contrário, a subtração de todas as experiências. A isso Buda deu o nome de shunyata, a experiência zero, a não-experiência.

Esta é a experiência onde aquele que experiencia não está presente, no entanto há algo que acontece. É difícil para a mente compreender, pois esta é a experiência da não-existência do experienciador. O cume dessa experiência é o momento em que experienciador se revela uma fantasia. Você tem defendido por toda a sua vida a manutenção de uma fantasia, enquanto o convite de olhar para dentro engendra a remoção do experienciador, porque essa é a verdade: não tem ninguém aí!

Dê-se conta que você acredita que não consegue ficar aqui e agora e, sabendo quem você verdadeiramente é, perceba que é impossível sair do aqui e agora. Essa é a única intenção do nosso encontro: através de uma investigação direta, proponho que você apenas questione todas as crenças que tem carregado até hoje como sendo verdade, como sendo você.

Veja! Seguindo a realidade proposta pela mente, somos um aglomerado de crenças, e é por isso que aquele que despertou para a realidade além das crenças o incomoda. Porque ele vem de encontro a esse aglomerado de crenças e rompe com essa estrutura. A minha proposta é muito simples: você não precisa acreditar em nada para ser você. Aliás, quanto menos acreditar, mais você é. Quanto mais você acredita, menos você é. Na verdade, você é – e ponto final. Mas as crenças o afastam dessa realização.

A mente é a faculdade do imaginado. Quantas coisas você imagina? É tudo imaginação – imagem em ação. Por isso o convite de aquietar-se e não imaginar nada. Experimente e veja o que acontece. É sensível agora!

Você imagina que tem que fazer alguma coisa para ficar aqui e agora, mas isso é um absurdo do ponto de vista cientifico, pois aqui e agora é tudo que existe. Ilustrando essa observação, para ficar ainda mais acessível, compartilho uma percepção que me ocorreu ontem, enquanto estava numa loja de discos. Havia um CD da Marisa Monte chamado “Universo ao meu redor”. Confesso que vi esse título e fiquei pensando: como ela pode estar rodeada pelo universo? Então quer dizer que o universo não é uni-verso, porque se o universo for universo, ou seja, o único verso, o todo, tudo, ela não pode ter uma existência separada dele. E, nesse caso, se o universo a está rodeando, significa que ela é uma coisa e o universo é uma outra coisa. Este é o jeito que o ser humano pensa, dualista. Todo o tempo estamos pensando de maneira equivocada, o meu intento está em convidá-lo a ver com seus próprios olhos o equívoco fundamental, que o leva a crer que você e o universo são duas coisas. Não há você, somente universo. Um.

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