segunda-feira, julho 11

fora do círculo

















Participante – Satyaprem, geralmente, na sociedade, temos que abrir mão de algo para conseguir algo melhor em troca. Mas parece que a proposta da meditação é abrir mão de tudo, da mente, para, em troca, deixar de existir como um “eu”. É preciso realmente estar muito cansado da rotina deste mundo para fazer tal troca?
  

Também abrimos mão de algo melhor por algo pior, não há regra. A mente insiste em enquadrar tudo, em montar um sistema, e você não se dá conta de estar girando em círculos, assim como seus pais e todos que você conhece. Quando não é uma coisa, é outra. E o círculo permanece.

Sim, você deve abrir mão de tudo. Mas tudo o quê? Este tudo tem a ver com o mundo da mente, trata-se de tudo o que a mente chama de “tudo”, até porque além do que a mente chama de “tudo”, não tem nada.

Isso me faz lembrar aquela história do Alexandre – o grande –, que antes de morrer pediu que, no seu enterro, todos os melhores médicos da corte carregassem seu caixão, que todas as suas riquezas fossem postas na rua, e que suas mãos estivessem estendidas para fora do caixão... Ao ser questionado o motivo desses desejos, ele afirmou que os médicos deveriam carregar seu caixão, para que todos vissem que eles não têm o menor poder de manipular a vida, pois neste momento crucial, que chamamos de “morte”, ninguém pode fazer nada. Quanto à sua riqueza, o motivo de distribuí-la nas ruas era para que o povo passasse por cima e soubesse que tudo o que ele acumulou, não seguirá com ele. E as suas mãos para fora do caixão estariam mostrando que assim como ele veio, ele estava indo embora, com as mãos vazias.

Por isso minha insistência em fazê-lo perceber que as conquistas são aparentes. Até mesmo um diamante, por mais tempo que ele possa existir, há o risco de um dia, uma criança pegar aquilo, sem saber o que é, e destruí-lo de alguma maneira. Todas as coisas são dilapidadas pelo tempo e correr atrás de algo que evite o consumo do tempo sobre as coisas é ignorância absoluta.

Faz parte da natureza das coisas terem um início e um fim. Dar-se conta disso permite um grande relaxamento. Perdendo essa disponibilidade em relação aos objetos e, claro, junto com eles em relação aos pensamentos também, existe uma grande possibilidade magnética de que você passe a buscar aquilo que o tempo não dilapida. E o mais curioso nessa equação, é que este é o seu bem mais precioso.
    

Sempre que entrar em contato com o dentro, você ilumina; a Verdade se torna clara e uma série de coisas se tornam irrelevantes. Olhando para dentro você nota que já é completo, em si. Dentro, nada precisa ser agregado a você. Por isso,stop! Salte para fora do círculo e veja quem é você!

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