quarta-feira, janeiro 19

as palavras e as coisas






















A mente não quer parar. Ela não ouve o Silêncio e, por isso - se você insiste em usá-la -, a chance de ver o que está sendo apontado em Satsang, se torna mínima. Você tem que ouvir com cuidado. Stop! Fique quieto! Talvez nos primeiros momentos haja uma turbulência, porque ela sabe que, se parar, o soberano fica nítido. Apenas observe.

A Verdade é auto-evidente. Portanto, olhar para dentro é uma outra maneira de dizer: "Stop!" Os sentidos, inclusive a mente, estão sempre ponderando algum acontecimento - sensações, movimentos, algo a ser feito. Você está constantemente sentindo isso ou aquilo; pensando isso ou aquilo... A sua referência é essa relação entre sujeito e objeto. Então, na medida em que o sujeito se aquieta, o objeto perde substância. Sem sujeito não tem objeto e sem objeto não tem sujeito.

É, no mínimo, exato questionar o fato de que as coisas sejam do jeito que a mente diz que são. Se está aqui para saber quem você é, será necessária uma ruptura, um corte com o conhecido. Não tem como aceitar a proposta de Satsang, permanecendo no mundo, seguindo a massa.

O mapa que a mente propõe é tradição. Tradição engendra tempo. Tempo pressupõe repetição. Um livro é um livro somente porque todo mundo diz que é um livro. Alguém chamou de "livro" um dia e desde então se repete. Mas apenas o nome do objeto é "livro" e existe uma distância abismal entre o que é e o nome do objeto.

Essa é a mesma distância aplicada a você em relação à mente. A mente diz que você é o corpo, as emoções, a história, o mundo. Mas você é o que você pensa que é? Você é o que os outros pensam que você é? Você é o seu nome? Você é a sua forma? Pensar que você é isso ou aquilo, faz de você isso ou aquilo? Uma coisa parece verdade, apenas porque todos acreditam que seja. Mas para saber quem você é, crenças não estão em pauta. Você tem que ser capaz de esquecer completamente tudo o que acredita, tudo o que a mente expõe como realidade. O conteúdo da mente tem que ser notado como apenas conteúdo da mente e nada mais.

Olhar para dentro significa, portanto, parar de se envolver com os eventos, parar de se envolver com os nomes. Ao se envolver com um determinado evento, você elimina uma série de outros acontecimentos. Você passa um dia, uma semana, um mês, um ano... uma vida inteira, envolvido com eventos conhecidos, correndo atrás do próprio rabo, seguindo eventos que nem estão mais presentes, enquanto o presente está dançando na sua frente e você não tem olhos para vê-lo. 

Observação introduz a capacidade de ver que não existe nenhuma necessidade de se envolver com qualquer evento. Algo está em ocorrência, você age. E quando termina, terminou. Uma miríade de possibilidades estão em acontecimento. Observe! Aqui entra o conceito da atenção sem escolha. Não colecione eventos, não existe nenhuma necessidade. Esvazie-se! Uma mente rica é uma mente cheia de eventos passados. Uma mente pobre não carrega evento nenhum.

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