terça-feira, agosto 17

O ego cria problemas para se revigorar





















Osho faz um questionamento:
“Poderia você não se incomodar com o latido dos cães?
Veja o latido dos cães como a meditação deles.
E a meditação dos cães não é feita para incomodar a sua meditação.
Eles meditam e você medita”.

Ouça, os pássaros estão a meditar.
Nós podemos tornar isso desconfortável.
E no momento em que tornamos algo desconfortável,
temos que encontrar um jeito de torná-lo confortável.

Você tenta eliminar o desconforto do seu sistema perceptivo.
Quando, na verdade, foi você mesmo que incluiu aquilo
como desconfortável em primeira instância.

Observe como talvez uma prática de discernimento seria
notar, de dentro do desconforto, quem gerou o desconforto.
A origem do desconforto foi o fato ocorrido, em si,
ou a interpretação do fato?

Em outras palavras, o problema nunca é o problema.
O problema é como você se relaciona com o problema.
Na verdade, não tem problema.

É árduo conviver com isso,
porque essa percepção estabelece uma relação, quase inequívoca,
com o seguinte questionamento: “Para quê estou vivendo, então?”
Afinal, o que dá sentido ao ego é resolver problemas.
Como também foi dito pelo Osho:
“Um ego sem problemas não é um ego”.

O ego cria problemas para se revigorar,
para permanecer, se reconstruir.
Ele se reconstrói, dia após dia, com a criação de um problema,
de um incômodo.

Note essa estratégia, não como estratégia,
mas como realidade do ego, como sua necessidade de sobrevivência.

É possível ver que há momentos onde tudo está bem.
Mas alguma coisa aparece e parece tirá-lo desse ponto.
Só parece. Porque na verdade não tira.
Apenas seus olhos, que estavam pousados para dentro,
voltam-se para fora.

Detalhe: os seus olhos estão sempre voltados para fora.

Em outras palavras,
o que estamos tentando compreender em Satsang,
é quase um processo artificial –
vai contra a natureza dos objetos.
Veja bem: dos objetos!
Mas, não vai contra a natureza daquilo que você É.

Você tem estabelecido identificação com os objetos.
Ou seja, você estabelece um objeto como sendo você.
Então fica artificial olhar para dentro.
O natural para o objeto é olhar para fora.

Em Satsang, é proposto que você olhe para dentro.
No mundo, todos estão olhando para fora
e eles contaminam você.
Eles não permitem que você olhe para dentro,
porque torna-se gritante a realidade em que vivem.

Por isso “acordar” é extremamente solitário.
Acordar é morrer para o "você".

3 comentários:

  1. Palavras de Mestre.Lúcidas, Existenciais. Dilacerantes para nossos egos.
    Grato.

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  2. Nossa, que texto... só tenho a agradecer.

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  3. Enfrentar essa posição solitária e ficar nela e não existe nada após isso.... É como me sinto há muito tempo.... Isso é viver presenciando cada momento, me nutro deles e ao mesmo tempo é vazio, solitário, algumas vezes vaio demais, outras solitário demais, avanço e outras vezes, ou, na maior parte, me nutre vive-los! Mas ainda não sei se há algo depois, ou entre esse meio, como é....

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